USOS DO PORQUÊ

“Por que” separado

O ‘por que’ separado sempre pode embutir a palavra ‘razão’ ou a palavra ‘motivo’.

Isso vale para perguntas diretas – “Por que você não foi?” vira “Por que razão você não foi?” e “Por que você não pagou a conta?” vira “Por que motivo você não pagou a conta?”.

E também para frases terminadas com ponto final – “Você sabe por que eu ajo assim” vira “Você sabe por qual razão eu ajo assim” ou “Você sabe por qual motivo eu ajo assim”.

Existe ainda um outro ‘por que’ separado:

‘Só eu sei as esquinas por que passei’.

Neste exemplo, o “por que” também é separado pois equivale a “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais”, “pelas quais”.

Outra forma poderia ser: “Só eu sei as esquinas pelas quais passei”.

“Porque” junto

O “porque” junto é uma conjunção que indica causa, motivo, justificativa ou explicação.

Um exemplo: “Eu não fui porque estava doente”.

Ou seja, “Porque estava doente” é a oração que indica a razão pela qual ele não foi.

Nesses casos, o “porque” é junto e sem acento.

Alguns professores recomendam tentar trocar o “porque” junto por “pois”. Se der certo, está correto o uso do “porque” junto.

“Por quê” separado com acento

O “por quê” separado e com acento é um “por que” localizado antes de uma pausa na fala ou na escrita.

Exemplos

Você não gosta de mim. Por quê?

Você não foi à festa, por quê?

É o mesmo que perguntar “Por qual razão?”, “Por qual motivo?”.

“Porquê” junto com acento

Nesse caso, o “porque” vira sinônimo da palavra “motivo”.

Exemplos:

 “Qual é o porquê de tanta tristeza?”.

É o mesmo que perguntar “Qual é o motivo de tanta tristeza?”.

Me diga o “porquê” da sua ausência.

PROPOSTA DE REDAÇÃO


Texto 1

O universo paralelo para onde os adolescentes se transportam quando estão conectados já não é mais livre da presença dos pais. Mensagens e postagens em redes sociais podem ser acompanhadas pelos responsáveis, graças a uma série de aplicativos que rastreiam o celular dos filhos. Há opções para todas as necessidades. Um deles, o “TeenSafe” (“Adolescente Seguro”), relata aos pais conteúdos das redes sociais, mensagens enviadas e até deletadas, em aplicativos como WhatsApp. Já o “MamaBear” (“Mamãe Urso”) conecta toda a família de uma só vez e fornece dados das redes sociais. Os pais podem ainda selecionar palavras consideradas “impróprias” para uso nas postagens dos filhos. E cada vez que elas forem usadas, os responsáveis ficam sabendo. Em ambos os casos, é preciso saber login e senha dos filhos para ter acesso aos “relatórios”. Há aplicativos gratuitos e já é possível baixá-los no Brasil. (Beatriz Salomão. Aplicativos permitem que a vida virtual dos filhos seja totalmente rastreada. http://odia.ig.com.br, 08.02.2015. Adaptado)

Texto 2

O objetivo dos aplicativos de monitoramento é deixar os pais do adolescente um pouco mais tranquilos quanto a suas atividades pelo celular. Pode parecer exagerado que os pais tenham que usar esses recursos para poder dar a educação adequada para seus filhos. Porém, neste momento em que a liberdade da comunicação digital impera, os aplicativos são ferramentas de extrema utilidade. Quando bem utilizados, podem ajudar os pais a entender algum tipo de comportamento inadequado dos filhos ou simplesmente detectar a necessidade de ter uma conversa com eles sobre um assunto mais delicado, como sexo, drogas e maus hábitos. É uma maneira de participar mais ativamente da educação dos filhos e estabelecer um certo limite aos jovens, que hoje têm uma liberdade excessiva. (Gutemberg Cardoso. Controle dos Pais: um programa para rastrear o celular de seu filho. www.polemicaparaiba.com.br. Adaptado)

Texto 3

O psicoterapeuta Alexandre Trzan afirma que, em muitos casos, ao se apoiar na tecnologia para acompanhar os filhos, os pais acabam violando a independência dos jovens em nome de uma pretensa proteção, o que não é benéfico para nenhum dos lados. “Quando um pai usa uma ferramenta dessas para controlar o filho, há uma intervenção em processos de decisão na vida dele que são naturais ao desenvolvimento”, explica. “Essa é uma situação que acaba sendo frustrante para os pais, porque é impossível controlar tudo, e angustiante para os filhos, que se sentem controlados.” A psicóloga Vera Risi afirma que não há dúvida de que a tecnologia trouxe novas dinâmicas para os núcleos familiares. Mas ressalta que o diálogo deve se sobrepor ao monitoramento digital: “Mais importante do que o uso desses recursos é a busca da compreensão. Quando isso não acontece, o filho procura burlar os pais”. (Thiago Jansen. Pais recorrem à tecnologia para monitorar seus filhos. http://oglobo.globo.com) Com base nas informações dos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva um artigo de opinião, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Os aplicativos de monitoramento do uso do celular melhoram ou atrapalham a relação entre pais e filhos?



Exercícios – Coesão e Coerência

1) Identifique a ordem em que os períodos devem aparecer, para que constituam um texto coeso e coerente. (Texto de Marcelo Marthe: Tatuagem com bobagem. Veja, 05 mar. 2008, p. 86.)

I – Elas não são mais feitas em locais precários, e sim em grandes estúdios onde há cuidado com a higiene.

II – As técnicas se refinaram: há mais cores disponíveis, os pigmentos são de melhor qualidade e ferramentas como o laser tornaram bem mais simples apagar uma tatuagem que já não se quer mais.

III – Vão longe, enfim, os tempos em que o conceito de tatuagem se resumia à velha âncora de marinheiro.

IV – Nos últimos dez ou quinze anos, fazer uma tatuagem deixou de ser símbolo de rebeldia de um estilo de vida marginal. Assinale a alternativa que contém a sequência correta, em que os períodos devem aparecer.

a) II, I, III, IV

b) IV, II, III, I

c) IV, I, II, III

d) III, I, IV, II

e) I, III, II, IV

2) Indique as relações semânticas estabelecidas pelos conectivos em destaque:

I. Como a chuva estava muito forte, não foi possível continuar o show.

II. Eu não consegui apresentar o trabalho porque estava muito nervosa!

III. Os manifestantes terão suas reivindicações atendidas, exceto se usarem de violência.

IV. Estava doente, mas foi trabalhar.

V. Os brasileiros são tão trabalhadores quanto os norteamericanos.

a) causa, causa, condição, oposição, comparação.

b) comparação, condição, finalidade, oposição, tempo.

c) causa, causa, conformidade, oposição, condição.

d) finalidade, comparação, tempo, condição, causa.

e) causa, causa, condição, condição, causa.

3) O emprego do elemento sublinhado compromete a coerência da frase:

a) Cada época tem os adolescentes que merece, pois estes são influenciados pelos valores socialmente dominantes.

b) Os jovens perderam a capacidade de sonhar alto, por conseguinte alguns ainda resistem ao pragmatismo moderno.

c) Nos tempos modernos, sonhar faz muita falta ao adolescente, bem como alimentar a confiança em sua própria capacidade criativa.

d) A menos que se mudem alguns paradigmas culturais, as gerações seguintes serão tão conformistas quanto a atual.

e) Há quem fique desanimado com os jovens de hoje, porquanto parece faltar-lhes a capacidade de sonhar mais alto.

PROPOSTA DE REDAÇÃO SIMULADO I

TEXTO 1 A professora, armada com giz colorido, acrescenta frações no grande quadro-negro, emoldurado em madeira rústica, que cobre a parede frontal da classe. As crianças da quarta série, 9 e 10 anos, fazem suas contas nas carteiras com lápis e cartelas. A sala de aula é revestida de papéis: mensagens, horários, trabalhos dos alunos. Nenhum saiu de uma impressora. Nada, nem mesmo os livros didáticos, que as próprias crianças elaboram à mão, foi feito por computador. Não há nenhum detalhe nesta aula que possa estar fora de sintonia com as memórias escolares de um adulto que frequentou a escola no século passado. Mas estamos em Palo Alto. O coração do Vale do Silício. Epicentro da economia digital. Habitat daqueles que pensam, produzem e vendem a tecnologia que transforma a sociedade do século XXI. Escolas de todo o mundo se esforçam para introduzir computadores, tablets, quadros interativos e outros prodígios tecnológicos. Mas aqui, no Waldorf of Peninsula, uma escola particular onde são educados os filhos de administradores da Apple, Google e outros gigantes tecnológicos que rodeiam esta antiga fazenda na Baía de São Francisco, as telas só entram quando eles chegam ao secundário (o ensino médio). “Não acreditamos na caixa preta, na ideia de que você coloca algo em uma máquina e sai um resultado sem que se compreenda o que acontece lá dentro. Se você faz um círculo perfeito com um computador, deixa de ter o ser humano tentando alcançar essa perfeição. O que desencadeia o aprendizado é a emoção, e são os seres humanos que produzem essa emoção, não as máquinas. Criatividade é algo essencialmente humano. Se você coloca uma tela diante de uma criança pequena, você limita suas habilidades motoras, sua tendência a se expandir, sua capacidade de concentração. Não há muitas certezas em tudo isso. Teremos as respostas daqui a 15 anos, quando essas crianças forem adultas. Mas queremos correr o risco?”, pergunta Pierre Laurent, pai de três filhos, engenheiro de computação que trabalhou na Microsoft, na Intel e em várias startups, e agora preside o conselho da escola. (Pablo Guimón. “Os gurus digitais criam os filhos sem telas”. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/20/actualidad/1553105010_527764.html. 13/04/19. Adaptado)

TEXTO 2 As tecnologias digitais têm o potencial de trazer um novo olhar para o processo educacional, permitindo que crie situações inusitadas de aprendizagem com estímulo a curiosidade, ao questionamento e a criatividade. Fazer boas perguntas é provavelmente uma das ferramentas mais importantes que temos para o entendimento e a aprendizagem, diz Warren Berger, autor do livro “A more beautiful question: the power of inquiry to spark breakthrough ideas”. Concordo plenamente com ele. Na era digital, questionar é um ponto de partida crucial para criar oportunidades de aprendizagem significativa quando falamos em desenvolver o pensamento crítico e as habilidades para resolver problemas. Os smartphones já são como uma extensão da nossa existência e estão integrados ao universo profissional. Ensinar os alunos a tirar o melhor proveito de seus aplicativos é, este sim, o desafio da escola do futuro. (Luciana Allan. “Por que seu filho (não) deve levar o celular pra escola?”. Disponível em https://exame.abril.com.br/blog/crescer-emrede/tecnologia-educacional-e-ferramenta-ou-metodologia/ 15/04/19. Adaptado) TEXTO 3 Um estudo de 2015 da London School of Economics mostrou que os resultados do teste GCSE, que avalia estudantes do ensino médio no Reino Unido, melhoraram quando escolas de Birmingham, Londres, Leicester e Manchester proibiram os celulares em sala de aula. O professor de neurociência William Klemm, autor de The Learning Skills Cycle (O Ciclo de Habilidades de Aprendizado, em tradução livre), destaca um estudo de 2014 que apontou que anotações à mão ajudam alunos a reter mais informações em comparação com o uso de um computador. Elizabeth Hoover, diretora de tecnologia para escolas públicas de Alexandria City, nos Estados Unidos, busca melhorar a educação em seu distrito por meio da tecnologia, mas diz que isso nunca substituirá o aprendizado diretamente com um professor. “A interação pessoal ainda é o componente mais importante em uma sala de aula”, diz ela, para quem a tecnologia deve ser empregada apenas quando aprimora uma lição de maneiras que seriam impossíveis de outra forma. (Nicholas Mancall-Bitel. Disponível em https://epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2019/04/como-educar-uma-geracao-digital-com-tantadificuldade-para-se-concentrar.html. 15/04/19. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um artigo de opinião, texto predominantemente dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O celular deve ser usado como uma ferramenta escolar?