PROPOSTA DE REDAÇÃO SIMULADO I

TEXTO 1 A professora, armada com giz colorido, acrescenta frações no grande quadro-negro, emoldurado em madeira rústica, que cobre a parede frontal da classe. As crianças da quarta série, 9 e 10 anos, fazem suas contas nas carteiras com lápis e cartelas. A sala de aula é revestida de papéis: mensagens, horários, trabalhos dos alunos. Nenhum saiu de uma impressora. Nada, nem mesmo os livros didáticos, que as próprias crianças elaboram à mão, foi feito por computador. Não há nenhum detalhe nesta aula que possa estar fora de sintonia com as memórias escolares de um adulto que frequentou a escola no século passado. Mas estamos em Palo Alto. O coração do Vale do Silício. Epicentro da economia digital. Habitat daqueles que pensam, produzem e vendem a tecnologia que transforma a sociedade do século XXI. Escolas de todo o mundo se esforçam para introduzir computadores, tablets, quadros interativos e outros prodígios tecnológicos. Mas aqui, no Waldorf of Peninsula, uma escola particular onde são educados os filhos de administradores da Apple, Google e outros gigantes tecnológicos que rodeiam esta antiga fazenda na Baía de São Francisco, as telas só entram quando eles chegam ao secundário (o ensino médio). “Não acreditamos na caixa preta, na ideia de que você coloca algo em uma máquina e sai um resultado sem que se compreenda o que acontece lá dentro. Se você faz um círculo perfeito com um computador, deixa de ter o ser humano tentando alcançar essa perfeição. O que desencadeia o aprendizado é a emoção, e são os seres humanos que produzem essa emoção, não as máquinas. Criatividade é algo essencialmente humano. Se você coloca uma tela diante de uma criança pequena, você limita suas habilidades motoras, sua tendência a se expandir, sua capacidade de concentração. Não há muitas certezas em tudo isso. Teremos as respostas daqui a 15 anos, quando essas crianças forem adultas. Mas queremos correr o risco?”, pergunta Pierre Laurent, pai de três filhos, engenheiro de computação que trabalhou na Microsoft, na Intel e em várias startups, e agora preside o conselho da escola. (Pablo Guimón. “Os gurus digitais criam os filhos sem telas”. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/20/actualidad/1553105010_527764.html. 13/04/19. Adaptado)

TEXTO 2 As tecnologias digitais têm o potencial de trazer um novo olhar para o processo educacional, permitindo que crie situações inusitadas de aprendizagem com estímulo a curiosidade, ao questionamento e a criatividade. Fazer boas perguntas é provavelmente uma das ferramentas mais importantes que temos para o entendimento e a aprendizagem, diz Warren Berger, autor do livro “A more beautiful question: the power of inquiry to spark breakthrough ideas”. Concordo plenamente com ele. Na era digital, questionar é um ponto de partida crucial para criar oportunidades de aprendizagem significativa quando falamos em desenvolver o pensamento crítico e as habilidades para resolver problemas. Os smartphones já são como uma extensão da nossa existência e estão integrados ao universo profissional. Ensinar os alunos a tirar o melhor proveito de seus aplicativos é, este sim, o desafio da escola do futuro. (Luciana Allan. “Por que seu filho (não) deve levar o celular pra escola?”. Disponível em https://exame.abril.com.br/blog/crescer-emrede/tecnologia-educacional-e-ferramenta-ou-metodologia/ 15/04/19. Adaptado) TEXTO 3 Um estudo de 2015 da London School of Economics mostrou que os resultados do teste GCSE, que avalia estudantes do ensino médio no Reino Unido, melhoraram quando escolas de Birmingham, Londres, Leicester e Manchester proibiram os celulares em sala de aula. O professor de neurociência William Klemm, autor de The Learning Skills Cycle (O Ciclo de Habilidades de Aprendizado, em tradução livre), destaca um estudo de 2014 que apontou que anotações à mão ajudam alunos a reter mais informações em comparação com o uso de um computador. Elizabeth Hoover, diretora de tecnologia para escolas públicas de Alexandria City, nos Estados Unidos, busca melhorar a educação em seu distrito por meio da tecnologia, mas diz que isso nunca substituirá o aprendizado diretamente com um professor. “A interação pessoal ainda é o componente mais importante em uma sala de aula”, diz ela, para quem a tecnologia deve ser empregada apenas quando aprimora uma lição de maneiras que seriam impossíveis de outra forma. (Nicholas Mancall-Bitel. Disponível em https://epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2019/04/como-educar-uma-geracao-digital-com-tantadificuldade-para-se-concentrar.html. 15/04/19. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um artigo de opinião, texto predominantemente dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O celular deve ser usado como uma ferramenta escolar?

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